A nova Biblioteca Municipal vai “provocar um grande impacto na cidade”
António José Ramos de Oliveira, natural da Coimbra, está na Guarda há vários anos, onde desempenha a função de Técnico Superior de Biblioteca e Documentação da Biblioteca Municipal da Guarda. Em entrevista ao Jornal A Guarda, António Oliveira dá a conhecer alguns aspectos interessantes relacionados com um espaço cultural prestes a mudar para a nova casa, na Quinta do Alarcão.
A Guarda: Quem é António Oliveira?
António Oliveira: É o Técnico Superior de Biblioteca e Documentação da Biblioteca Municipal da Guarda. Tem como função a gestão desse espaço.
Por outro lado define-se como uma pessoa que gosta de ler, conhecer outros povos, ver cinema e estar perto do mar.
A Guarda: Como apareceu a sua ligação à Guarda?
António Oliveira: Acabado o Curso de Especialização
A Guarda: A Biblioteca é uma paixão ou uma obrigação?
Era frequentador assíduo das bibliotecas nas escolas, recordo-me perfeitamente do cantinho dos livros na escola primária e, fora disso, de frequentar a Biblioteca Fixa da Gulbenkian em Soure e a velhinha Itinerante. Ainda hoje mantenho esse gosto.
A Guarda: No seu ponto de vista como é que os cidadãos, em geral, olham para a Biblioteca Municipal?
António Oliveira: O actual edifício, inaugurado em 1987, registou grande impacto na cidade uma vez que a Guarda passava a dispor de uma biblioteca moderna. Como é natural, com o passar dos anos, a imagem da biblioteca vai sofrendo alterações. De qualquer modo, com a breve inauguração da Biblioteca Municipal Eduardo Lourenço, tenho a certeza que os cidadãos vão passar a olhar mais para a biblioteca.
A Guarda: Considera que a Biblioteca Municipal da Guarda está bem inserida na vida social da cidade?
António Oliveira: Penso que sim embora já se encontre algo ultrapassada. Esta questão será resolvida com a nova Biblioteca uma vez que esta irá dispor de todos os serviços modernos no âmbito do livro e da leitura.
A Guarda: Qual o balanço que faz das actividades realizadas pela Biblioteca Municipal ao longo dos últimos anos?
António Oliveira: Nos últimos anos a biblioteca registou uma significativa melhoria ao nível da oferta dos seus serviços. Para além do aumento do Fundo Documental passámos a dispor de acesso à Internet, serviço de fotocopiadora, apoio a bibliotecas escolares e uma animação regular no âmbito da leitura. Talvez tenha sido este último facto o mais importante.
A Guarda: Quais as actividades programadas para este ano?
António Oliveira: Uma vez que estamos numa fase de pré-instalação da nova biblioteca, o processo normal de programação sofreu alterações. Por esse motivo não podemos ainda dispor desses dados, mas devido às novas condições do edifício a animação terá um novo incremento.
A Guarda: Admite que a Biblioteca Itinerante possa acabar, tendo em conta a redução do número de alunos e o fecho de escolas nas freguesias rurais?
António Oliveira: Este ano deparámo-nos com o fecho de algumas escolas primárias. Prevê-se que para o ano tal volte a acontecer. Por esse motivo já reformulámos o trajecto da biblioteca Itinerante. No entanto não me parece que este serviço possa encerrar mas sim sofrer alterações. Por exemplo poderemos, passando mais tempo em cada escola, realizar actividades de animação no local ou, considerando o envelhecimento das populações e o aumento dos utentes dos Centros de Dia, passar a oferecer o nosso serviço a essas instituições.
A Guarda: Considera que a Biblioteca Itinerante ainda continua a ser um meio privilegiado para muitos alunos contactarem com os livros?
António Oliveira: Penso que sim uma vez que, se nos centros urbanos, e nem todos, o acesso ao livro está bastante facilitado, através de oferta de, por exemplo, bibliotecas e livrarias, a realidade de quem vive nas freguesias rurais é outra.
Como tal a Biblioteca Itinerante constitui um meio privilegiado de as crianças terem um contacto com os livros.
A Guarda: A nova Biblioteca Municipal vai ser uma realidade a curto prazo. Como avalia a mudança para o novo equipamento?
António Oliveira: Vai, com certeza, provocar um grande impacto na cidade. Não tenho dúvidas uma vez que tal aconteceu em todos os caso similares. Recorde-se que vai oferecer serviços, para adultos e crianças, no âmbito do livro e da leitura, da animação, dos meios audiovisuais, das novas tecnologias, etc.
A Guarda: Considera que o projecto está devidamente adaptado à realidade actual?
António Oliveira: Penso que sim, até porque foi feito em parceria com o Instituto Português do Livro e das Bibliotecas e, como tal, obedece a todas as directrizes a um espaço com múltiplas ofertas deste sector cultural. Aliás, sinónimo de que tem acompanhado a evolução dos tempos, vai dispor algo que não estava previsto quando se iniciou o processo: o acesso à Internet sem fios para qualquer utilizador que o solicite.
A Guarda: De que forma é que a nova Biblioteca pode atrair novos leitores?
António Oliveira: Desde logo com a sua sala polivalente para animação, com o seu pequeno café, com a sua salinha da Hora do Conto que se pode isolar do resto da Sala Infantil, com a Sala de Leitura para adultos e crianças com toda a oferta do livro e das novas tecnologias, com uma biblioteca toda informatizada e com uma animação regular e de qualidade.
Por outro lado o seu espaço verde envolvente será também uma mais valia porque, para além do ambiente agradável de leitura ou acesso à internet sem fios, disporá também de um auditório ao ar livre. Por outro lado, com novas formas de animação, dentro e fora do edifício, poderão ser conquistados novos públicos.
A Guarda: O nome Eduardo Lourenço foi bem escolhido?
António Oliveira: Foi, porque é o escritor, do nosso distrito, mais importante actualmente.Na área dos grandes ensaístas portugueses, é-lhe considerada uma aproximação a António Sérgio, devido ao seu rigor crítico e à sua elegância incisiva do estilo. Como tal o nome para a nova biblioteca foi bem escolhida
Fonte: Jornal a Guarda - 8-3-007
1 comentário:
Grande homem, se não fosse ele a biblioteca não era o que é.
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